Por Paula Guimarães do Portal Catarinas.
As mulheres formam a linha de frente na ação de ocupação do escritório regional do Ministério da Cultura, em Florianópolis. A manifestação integra o ato nacional pela restituição do Ministério da Cultura que já ocupa 19 sedes em todo o país. O prédio histórico ao lado do largo da Alfândega foi ocupado, na tarde de ontem, por um grupo formado por artistas, estudantes, professores, agentes da cultura e representantes de movimentos sociais diversos. Várias atrações culturais, aulas públicas e oficinas estão previstas durante a ocupação, entre elas uma roda de conversa sobre feminismos e lutas sociais com Clair Castilhos da Rede Feminista de Saúde e conselheira do Portal Catarinas, amanhã (21/5), às 16h.
As mulheres formam a linha de frente na ação de ocupação do escritório regional do Ministério da Cultura, em Florianópolis. A manifestação integra o ato nacional pela restituição do Ministério da Cultura que já ocupa 19 sedes em todo o país. O prédio histórico ao lado do largo da Alfândega foi ocupado, na tarde de ontem, por um grupo formado por artistas, estudantes, professores, agentes da cultura e representantes de movimentos sociais diversos. Várias atrações culturais, aulas públicas e oficinas estão previstas durante a ocupação, entre elas uma roda de conversa sobre feminismos e lutas sociais com Clair Castilhos da Rede Feminista de Saúde e conselheira do Portal Catarinas, amanhã (21/5), às 16h.
As trabalhadoras e os trabalhadores da cultura têm o apoio dos funcionários do Minc nesta ocupação. “Se não há cultura para os
pobres, não haverá paz para os ricos”, afirmou a mobilizadora Elaine Salas.
Segundo ela, o prédio fica em estado de ocupação até que o Ministério da
Cultura seja restituído. E diz mais: “Se não houver uma posição favorável ao
retorno do Minc, nós vamos ocupar escolas, postos de saúde e outros serviços
públicos. A cultura está relacionada a todas as áreas sociais."
Escritório segue com atividades normais
Na manhã de hoje, o secretário
de Cultura do novo Ministério da Educação e
Cultura, Marcelo Calero, informou por meio de uma circular que o escritório deve seguir as atividades
normais. Segundo a técnica do Minc, Gabriela Massotti, não há possibilidade de demissão
dos funcionários de carreira como ela, o que não diminui a sensação de
insegurança institucional. “Ainda não sabemos ao certo o resultado da proposta de enxugamento,
se vai haver extinção de representações, remanejamentos de funcionários para
outros órgãos ou outras mudanças. A orientação inicial é para que, mesmo com a ocupação, as
atividades continuem normalmente”, informa a funcionária.
Gabriela explica que os
funcionários continuam atuando nas salas e a ocupação ocorre com atividades
dentro e em frente ao prédio. A polícia militar esteve no local e se colocou à
disposição para auxiliar em casos de conflito, mas até o momento a ocupação
segue de forma pacífica. A técnica explica que trabalhadores do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deram orientações para os
manifestantes sobre os cuidados com o prédio tombado.
O movimento de ocupação
A decisão de ocupar o prédio foi feita em uma assembleia, na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), que reuniu alunos e professores das universidades públicas estaduais e federais, além de representantes de várias frentes sociais, entre eles o MST.
Para a atriz e professora de Teatro da Udesc, Bárbara Biscaro, a ocupação deste patrimônio
histórico "tão simbólico para a cultura" é uma forma de fortalecer a soberania
nacional, com a defesa do acesso a bens culturais que não podem deixar de
existir numa sociedade. “País sem cultura é um país formado
por pessoas que se calam e não questionam, que só trabalham e ficam em casa
assistindo TV. Nosso movimento é contra o pensamento arcaico que quer nos levar
para o século passado”, afirma.
A atriz explica que a mobilização só existe porque nos últimos
14 anos houve um fortalecimento da cultura no país com a descentralização de recursos
para todos os estados da federação e investimento em políticas de empoderamento
das minorias, especialmente da cultura negra, indígena e LGBT. “A população não
tem histórico de acesso a bens culturais. Se o ministério fosse extinto no passado talvez a gente não se importasse. Nos últimos anos eles deram um
empurrão e a gente se articulou e formou redes. A nossa posição de resistência vem
desses anos de construção. É lindo ver várixs alunxs aqui!”
Na opinião da professora, a mídia contribui historicamente para a construção do
pensamento hegemônico que só valoriza iniciativas dos grandes centros e criminaliza
movimentos sociais. “A grande mídia é em parte responsável pela polarização de
pensamentos que ocorre no país. Trata-se de um discurso excludente que coloca áreas sociais de um lado e economia de outro, como se não tivesse nada no meio. Há uma tentativa de criminalização de um movimento civilizatório.”
Bárbara acredita que as lideranças feministas vão fazer a
diferença nesse processo de mobilizações. "As ocupações confrontam as bases
do sistema patriarcal (e assim da economia), alicerçado na propriedade privada
e família", afirma.
Ela convida todas as pessoas para participarem da ação: "esse é um movimento democrático e contrário à hostilidade, com espaço para a discussão. Chamamos as pessoas que estão indignadas e querem aprender sobre
democracia para se integrarem. É um ato pedagógico para todxs."
Acompanhe a programação na página Ocupa Minc SC.
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